Medida financiada no âmbito do Plano de Promoção da Eficiência no Consumo de Energia, aprovado pelo ERSE - Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos.
Quando o assunto é sustentabilidade, as notícias tendem a ser desmotivadoras. Desta vez decidimos dar um passo atrás e olhar para o copo meio cheio, reunindo as notícias que precisamos de “ouvir” para entrar no novo ano com mais esperança.
2023 foi um ano marcado por emissões elevadas, condições climatéricas extremas e recordes de temperatura. Mas também houve notícias positivas que mostram que há trabalho real a ser feito em prol de um futuro sustentável e promissor.
E que melhor maneira de começar o ano do que com uma lufada de boas energias?
A Energia Letiva fez um apanhado do que de melhor aconteceu no planeta a nível ambiental, energético e de desenvolvimento sustentável.
Países assinam acordo global para abandonar os combustíveis fósseis
Na COP28, foi alcançado um acordo que marcou o "princípio do fim" dos combustíveis fósseis. Apesar de ter lacunas, trata-se de um avanço histórico nos 28 anos de negociações climáticas.
É a primeira vez que uma cimeira das Nações Unidas (ONU) sobre o clima termina com um apelo a uma transição para longe dos combustíveis fósseis, a principal causa da crise climática.
Outras medidas decididas incluem triplicar a produção de energia renovável a nível mundial, duplicar a taxa média anual global de melhoria da eficiência energética e criar um fundo destinado a financiar “perdas e danos” provocados pelas alterações climáticas, ajudando os países mais vulneráveis.
Democracia a favor do clima
Na Suíça, a vontade do povo fez-se ouvir. Em junho, os cidadãos votaram, em referendo, a favor de uma nova lei climática para reduzir o uso de combustíveis fósseis e atingir a neutralidade carbónica até 2050.
Do outro lado do mundo, no Equador, os eleitores disseram “não” à extração de petróleo na Amazónia, que alberga mais de 4.000 espécies de plantas, 173 tipos diferentes de mamíferos e pelo menos duas tribos indígenas.
Mais ações judiciais a favor do clima
Em todo o mundo, ativistas, grupos de defesa, povos indígenas e outros recorrem cada vez mais aos tribunais para denunciar desinformação, bloquear projetos poluentes, pedir indemnizações por danos relacionados com o clima e fazer cumprir os regulamentos, leis e tratados ambientais existentes.
De acordo com um relatório da ONU, o número de ações judiciais aumentou mais do dobro em cinco anos, alterando a dinâmica da luta contra as alterações climáticas.
O estado norte-americano da Califórnia, por exemplo, processou cinco das maiores empresas petrolíferas do mundo por considerar que estavam a enganar os cidadãos ao minimizarem os riscos climáticos dos combustíveis fósseis.
Também em 2023, seis jovens portugueses processaram os Estados Europeus por inação climática, tendo sido o primeiro caso relacionado com alterações climáticas a ser apresentado no mais alto tribunal europeu.
Primeiro acordo global de proteção do alto-mar foi oficialmente adotado
Depois de mais de 15 anos de negociações, a ONU conseguiu chegar a acordo para proteger a biodiversidade marinha que se encontra fora das fronteiras nacionais (águas internacionais ou alto-mar).
Estas áreas, praticamente sem lei, correspondem a mais de 70% da superfície da Terra e estão ameaçadas por poluição, sobrepesca e extração mineira. Até à data, apenas 1% destas águas estavam protegidas.
O Tratado é crucial para proteger os oceanos, garantir o uso sustentável da diversidade biológica marinha e prevenir a sua perda, combater as alterações climáticas e cumprir o objetivo global de proteger 30% da terra e do mar até 2030.
Europeus estão a consumir menos carne
De acordo com um inquérito da ProVeg, mais de metade dos europeus está a cortar na carne e 46% dos europeus afirma ter mais confiança nas alternativas à carne de origem vegetal do que em 2021.
Esta mudança de dieta significa boas notícias para os animais e para o planeta - a produção de carne implica enormes consumos de água, energia e libertação de gases com efeito de estufa.
Já a maioria dos portugueses aceita comer menos carne para proteger o ambiente e diz não seimportar com limites no consumo de carne, segundo um Estudo do Banco Europeu de Investimento.
Desflorestação na Amazónia abrandou
Após anos de exploração desenfreada, a desflorestação da Amazónia diminui quase 60% nos primeiros onze meses do ano.
Isto deve-se aos esforços para deter a perda de árvores, principalmente do Brasil, onde o novo governo aumentou a monitorização e fiscalização ambientais e foi mais rígido com a mineração ilegal. O Brasil comprometeu-se ainda a acabar com a desflorestação até 2030.
Este agosto, os oitos países que “partilham” a floresta da Amazónia uniram-se para proteger o “pulmão do mundo”. Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela aprovaram uma declaração para proteger a floresta, as comunidades locais e os povos indígenas e lançaram a Aliança Amazónica de Combate ao Desmatamento.
Energias renováveis aumentaram
Durante o ano, as energias renováveis foram notícia graças a recordes registados em vários países: a Irlanda registou o maior valor de produção eólica; a ilha El Hierro, nas Canárias, utilizou apenas energia eólica e hídrica durante 28 dias consecutivos; e em Portugal, a produção de energia renovável superou a procura de eletricidade durante 6 dias consecutivos.
O ano de 2023 ficou marcado pelo valor mais elevado de sempre de produção de energia renovável em Portugal, abastecendo 61% do consumo de eletricidade. Em relação a 2022, a energia hidroelétrica cresceu 70% e a energia fotovoltaica subiu 43%. Por outro lado, o consumo global de gás registou o valor mais baixo desde 2014 e a produção não renovável abasteceu apenas 19% do consumo, o valor mais baixo desde 1988.
1ª edição do Campeonato do Mundo de Recolha de Lixo
Pode ter passado despercebido, mas aconteceu. Tóquio realizou o primeiro Campeonato do Mundo de Recolha de Lixo, com o objetivo de sensibilizar para a proteção do ambiente e, especialmente, para a redução dos resíduos de plástico nos oceanos.
Equipas de 21 países reuniram-se na capital japonesa para recolher a maior quantidade de lixo em 90 minutos. Após cada sessão, os jogadores tiveram 20 minutos para separar corretamente o lixo. A equipa do Reino Unido foi a vencedora, depois de ter recolhido 57,27 kg de lixo.
De acordo com o organizador, a próxima edição deverá realizar-se em 2025, novamente em Tóquio, mas com participantes de mais países.
Provas do poder do ativismo
Além das vitórias em tribunal, os ativistas também têm impacto na transformação da sociedade.
Um exemplo disso é o facto de quase um terço dos suíços terem mudado os seus hábitos de transporte, compra e reciclagem em resultado das greves climáticas de Greta Thunberg, segundo uma investigação do Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Lausanne (EPFL).
Os cidadãos passaram a procurar alternativas à condução para o trabalho (como andar a pé ou de bicicleta), evitar viajar de avião (escolhendo destinos de férias mais próximos de casa), procurar produtos locais e orgânicos, comer mais refeições vegetarianas e fazer um maior esforço para reduzir os resíduos de plástico.
União Europeia chega a acordo sobre a Lei do Restauro da Natureza
O Parlamento, o Conselho e a Comissão da União Europeia chegaram finalmente a acordo sobre a controversa Lei do Restauro da Natureza.
Os países da União Europeia terão de reabilitar pelo menos 30% das áreas marinhas e terrestres degradadas, e a totalidade desses habitats até 2050. Trata-se da primeira lei na Europa a não só proteger a natureza, como também a recuperá-la.
Até 2030, deverão ser plantadas três mil milhões de árvores e 25 mil km de cursos de água deverão ser limpos e voltar a correr livremente.
As boas notícias levantaram-te o espírito? Que notícias gostarias de ler em 2024?