Medida financiada no âmbito do Plano de Promoção da Eficiência no Consumo de Energia, aprovado pelo ERSE - Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos.
O número de respostas nesta 2ª edição reflete o interesse das crianças e dos jovens em dar a sua opinião e expressar as suas ideias. A saúde mental, a internet e redes sociais e a discriminação continuam a ser as suas principais preocupações.
Apesar das crianças estarem preocupadas com o mundo à sua volta e serem afetadas pelas medidas tomadas pelos decisores políticos, nem sempre as suas preocupações são ouvidas.
OTenho Voto na Matéria é uma iniciativa que vem reforçar o diálogo, envolvendo os mais jovens em processos de codecisão e co-construção em prol de comunidades mais justas, equitativas, seguras e sustentáveis.
A iniciativa auscultou as ideias das crianças, procurando também criar as bases para a transformação social e o diálogo intergeracional, fazendo-as sentir-se responsáveis e parte integrante das suas comunidades.
Então, o que preocupa as crianças? Este foi o ponto de partida do inquérito da UNICEF Portugal, destinado principalmente a crianças e jovens entre os 10 e os 17 anos. Eis os resultados da 2ª edição.
Quando os adultos tomam decisões perguntam a opinião às crianças?
As crianças têm o direito de expressar os seus interesses e preocupações e que estes sejam tidos em consideração pelos adultos. Porém, 70% afirma que os adultos nunca ou raramente lhes perguntam a sua opinião.
Quando dão a sua opinião, 51% das crianças afirma que esta nunca ou raramente influenciou o
que foi decidido e 1 em cada 4 (28%) afirma que nunca deu a sua opinião.
O que preocupa mais as crianças?
A saúde mental (58%), a internet e as redes sociais (44%) e a discriminação (42%) são as principais preocupações das crianças e jovens, tal como em 2021.
Estes são os maiores problemas apontados principalmente devido às consequências negativas que podem ter no futuro, mas também devido às informações que veem nas notícias e internet, ao que acontece nas suas escolas e à influência que têm no dia-a-dia.
Com que frequência falam sobre estes temas?
Quase metade das crianças (48%) não fala sobre estes assuntos na escola, 34% só fala às vezes e 18% fala muitas vezes ou sempre.
A maior parte das crianças discute estes temas em casa, mas 39% nunca ou raramente fala sobre eles.
O que sentem quando querem partilhar ideias e opiniões?
A maioria das crianças não se sente confortável em partilhar o que pensa: 18% não sente confiança por ter medo que gozem, 15% não sente que sejam importantes e 26% sente que custa partilhar, mas com ajuda consegue fazê-lo.
Qual a sensação de (in)segurança?
A maioria das crianças sente-se segura, mas a sensação de insegurança sofreu um aumento desde 2021 (de 18% para 24%) devido à violência e conflitos na zona, ao consumo de álcool ou drogas nas ruas, à violência contra as pessoas e à pouca iluminação nas ruas. Além disso, 1 em cada 4 (27%) raparigas diz não se sentir segura.
Conhecer bem os vizinhos e a zona onde vivem, ter adultos a acompanhar ou por perto, haver boa iluminação nas ruas e esquadra e/ou polícias nas redondezas são fatores que contribuem para a sensação de segurança dos mais novos.
O que devia ser melhorado na comunidade?
Quase metade das crianças (42%) identifica o cuidado com o ambiente como o principal aspeto a ser melhorado nas suas comunidades, seguido da qualidade das escolas (35%) e dos transportes públicos (28%).
Quais são os problemas ambientais que mais afetam o dia-a-dia?
As crianças identificam a poluição (65%) como o principal problema ambiental que as afeta, seguida dos desastres climáticos, como as cheias e os incêndios, e da falta de educação ambiental.
O Tenho Voto na Matéria resulta de uma colaboração da UNICEF Portugal com o seu Grupo Consultivo de Crianças e Jovens e o Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa. O inquérito teve 11.834 respostas válidas, o que mostra o interesse das crianças e dos jovens em partilharem as suas opiniões e ideias.
A UNICEF Portugal conclui que “a educação para a cidadania democrática e a participação ativa devem ser incorporadas na vida das crianças desde cedo, ajudando-as a entender como podem influenciar positivamente a sociedade”.