A pegada do mundo digital

Emails, pesquisas na Internet, redes sociais, jogos, downloads, música, vídeos… Num mundo cada vez mais conectado, é fácil esquecermos que aquilo que fazemos no digital também tem um custo ambiental. Cada atividade ou interação online emite algumas gramas de dióxido de carbono (CO₂) devido à energia necessária para fazer funcionar os dispositivos e alimentar os servidores, cabos, routers e redes sem fios que nos fazem chegar os conteúdos.

Os data centers, que sustentam as nossas atividades online e armazenam informações, consomem uma quantidade significativa de energia (3% da energia mundial) - muitas vezes proveniente de fontes não renováveis -, e são responsáveis por 2% das emissões globais de gases com efeito de estufa (GEE).

Mas vamos a algumas estimativas:

• Um tweet - 0,2 g de CO₂e (gramas de CO₂ equivalente);

• Um e-mail - 0,3g de CO₂e (e-mail de spam), 4g de CO₂e (e-mail normal) e 50g de

CO₂e (e-mail com uma fotografia ou anexo volumoso);

• Um utilizador médio do Google, com 25 pesquisas, 60 minutos de YouTube, acesso ao

Gmail e outros serviços por dia - 8g de CO₂e;

• Uma hora de streaming de vídeo (na Europa) - 55g CO₂e;

• Um utilizador do Facebook - 299 g de CO₂e.

Apesar de não produzirem uma grande pegada de carbono, estas atividades estão a ser feitas por pessoas em todo o mundo, o que faz com que as emissões aumentem rapidamente, transformando-se em milhares de milhões quilogramas de CO₂. Por exemplo, ver vídeos online (que representa 60% do tráfego mundial da Internet) gera 300 milhões de toneladas de CO₂ por ano, cerca de 1% das emissões globais – a visualização de vídeos gera tanto CO₂ num ano quanto Espanha.

Estima-se que a utilização da Internet seja responsável por 3,7% das emissões globais de GEE e que cada utilizador emita 414 kg de CO₂ por ano. No entanto, o cálculo da pegada de carbono na Internet varia, podendo ou não incluir o fabrico do hardware informático, os edifícios e os trabalhadores das empresas tecnológicas, entre outros fatores.

Atualmente, algumas destas empresas (de centros de dados, motores de busca e outras tecnologias) funcionam a energia renovável e compram "compensações de carbono" para limpar o seu consumo de energia e reduzir a sua pegada de carbono. E nós, o que podemos fazer?

Dicas para reduzir a pegada de carbono digital

Cada um pode fazer a sua parte e adotar medidas para reduzir a pegada de carbono digital. Eis

algumas dicas:

• Cancelar a subscrição de newsletters que já não lemos e evitar enviar emails desnecessários e anexos grandes (trocando por hiperligações para documentos, por exemplo);

• Apagar emails antigos (estes estão normalmente armazenados na cloud, o que requer alguma eletricidade);

• Evitar ter demasiadas janelas abertas ao mesmo tempo no browser e utilizar os “Favoritos” para guardar sites que visitamos com frequência, em vez de fazer pesquisas repetidas no Google;

• Utilizar motores de busca e browsers mais sustentáveis - a Ecosia tem um motor de busca que se compromete a plantar uma árvore por cada 45 pesquisas e um browser que gera 25 watts-hora de energia limpa por utilizador diariamente;

• Enviar uma mensagem de texto SMS em vez de usar uma aplicação de mensagens privadas, como o WhatsApp ou o Facebook Messenger - cada SMS gera apenas 0,014g de CO₂e;

• Utilizar wi-fi em vez de dados móveis (consumo de energia diminui para metade);

• Desligar as cópias de segurança desnecessárias na cloud e os downloads automáticos de atualizações de aplicações;

• Diminuir a resolução de um vídeo (por exemplo, quando é utilizado como ruído de fundo);

• Descarregar vídeos, filmes e música em vez de assistir/ouvir em streaming;

• Ver filmes, séries e outros conteúdos em conjunto em vez de cada pessoa estar num dispositivo diferente.

Já conhecias o impacto invisível da Internet? O que fazes para diminuir a tua pegada no mundo digital?