O estudo contou com uma amostra representativa de 1000 pessoas no mercado português, e teve lugar no mês de junho de 2023.
Para além da conclusão sobre o aumento do desperdício durante os meses de verão, o estudo apurou ainda que 32% dos portugueses considera mais difícil controlar os alimentos desperdiçados nesta estação.
Fruta (46%), verduras (37%), produtos lácteos (22%) e carne (12%) foram votados como os alimentos que os portugueses mais desperdiçam nesta altura.
Os principais motivos que os portugueses inquiridos apresentam como justificação para o aumento do desperdício alimentar no verão são: “é mais difícil controlar o desperdício porque o calor estraga mais facilmente a comida” (48%); a fome é menor e por isso ingerem menos alimentos (28%); o facto de fazerem mais refeições fora de casa proporciona que os alimentos comprados se estraguem (18%).
Apesar do estudo não trazer, à primeira vista, boas notícias, outras questões contempladas revelam que o diálogo que se tem construído em torno deste tema tem resultado numa tomada de consciência relativamente ao impacte deste hábito. No estudo realizado averiguou-se que 61% dos portugueses ficam incomodados e angustiados quando desperdiçam comida e 66% revelaram-se conscientes dos alimentos que se desperdiçam em casa. As boas novas vão mais longe e contrariam as estatísticas com 7 em cada 10 portugueses que consideram dar o seu máximo para evitar o desperdício de alimentos, nomeadamente ao pedir para embalar as sobras quando vão jantar fora (50%).
É imperativo que a consciencialização para a redução do desperdício alimentar e educação para o impacte deste problema tenha lugar à mesa – da sala de aula, de casa e dos meios de comunicação.
Dados do INE referentes ao ano de 2020 indicam que nesse ano foram desperdiçadas em Portugal 1,89 milhões de toneladas de alimentos, significando que cada português desperdiçou, em média, 184 kg de alimentos – um número superior à média da União Europeia.
Para além do desperdício económico e de recursos naturais e energéticos, o desperdício alimentar tem também consequências ambientais, correspondendo a 8 a 10% de todas as emissões globais anuais de CO2.
Em 2023, o Dia de Sobrecarga da Terra ficou marcado a 2 de agosto, data a partir da qual a humanidade passa a utilizar recursos naturais que só deveriam ser consumidos a partir de 2024. Se fossemos capazes, mundialmente, de reduzir para metade o desperdício alimentar, poderíamos conseguir atrasar em 13 dias a data em que se divulga o Dia da Sobrecarga da Terra.